terça-feira, 15 de abril de 2008

A Mãe do PAC II

O potencial explosivo de Dilma virou motivo de aflição especialmente entre os funcionários mais humildes do Planalto — secretárias, copeiros e garçons. Recentemente, a ministra iniciara uma reunião com um colega da Esplanada e mais um grupo de técnicos quando o garçom serviu chá aos presentes. Dilma alongou-se na exposição sem sorver uma gota do líquido, que esfriou. O garçom, atento, entrou na sala e recolheu todas as louças, inclusive a da ministra. Ela, então, interrompeu o encontro e vociferou uma bronca homérica no serviçal, diante da platéia constrangida.

Entre os servidores do Planalto ninguém acha mais graça na história que virou uma norma. Agora, serventes provam abacaxis para certificar se estão maduros. Tudo por causa de insultos ouvidos da ministra em duas ou três ocasiões em que foi servido suco que ela julgou azedo. As assessoras tremem quando ela, impaciente, as chama com o prefixo de “santinha”. É a senha de que o tempo vai fechar.

(...)Quando o atual coordenador político do governo, José Múcio Monteiro, assumiu o cargo, recebeu um telefonema duro da colega. Em tom de desabafo, ele contou a confidentes ter ouvido um pito humilhante. A ministra achava que ele divulgara informações que ela não queria ver no noticiário. “Não confiarei em você nunca mais”, teria dito, batendo o telefone.

(...)Dilma entrou para a luta política não pelas vias sindicais ou associações classistas. Foi recrutada pelo então namorado (depois marido), Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, para militar no Política Operária (Polop), grupo marxista. Desentendimentos sobre os rumos da resistência fizeram nascer o Comando de Libertação Nacional (Colina), ao qual Dilma, ou Estella, perfilou-se, junto com Cláudio. A mocinha da Rua Major Lopes agora dava aulas de marxismo nas células comunistas. Perseguido pela polícia mineira, o casal fugiu para o Rio e caiu na clandestinidade.

(...)Em julho de 1969, três carros com 11 guerrilheiros da VAR-Palmares estacionam em frente à casa no bairro carioca de Santa Teresa onde morava um irmão de Ana Capriglioni, notória amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Lá, executando uma operação minuciosamente planejada por Estella, que não tomou parte na ação, a VAR-Palmares rouba um cofre de chumbo pesando 300kg, recheado com uma bolada de US$ 2,5 milhões.Pouco tempo depois, a VAR-Palmares se desintegra, por desentendimentos entre Estella e Lamarca. A maior parte do grupo segue Estella — na época, Cláudio, o primeiro marido, partira para Cuba a bordo de um avião seqüestrado e Dilma já se enamorava de Carlos, o gaúcho da VAR-Palmares (com quem veio a se casar e com quem teve Paula, a única filha, hoje juíza do Trabalho em Porto Alegre, e de quem se separou já depois da redemocratização).

Por Udo Braga, Correio Braziliense, 15/04/2008

Apesar disso, o encontro da Direção Nacional do PT com prefeitos, ontem em Brasília, se transformou em ato de desagravo à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que municiou os petistas às eleições municipais deste ano com informações sobre andamento e prazos das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

No encontro, a direção da sigla orientou os prefeitos a "colarem" na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a "nacionalizarem" a campanha.

Os cerca de 150 prefeitos que estavam na reunião aprovaram moção simbólica apresentada pela prefeita de Santarém (PA), Maria do Carmo, em solidariedade a Dilma, envolvida no caso do dossiê. "Há questões que têm de ser apuradas. Mas sempre se percebe que por ser mulher ela se torna um alvo fácil."Dilma ouviu também apelos para que concorra à sucessão de Lula. Segundo apurou a Folha, ela não fez nenhum comentário, apenas sorriu. Após o término da reunião, ficou por cerca de 30 minutos tirando fotos ao lado dos prefeitos.

A ministra apresentou o PAC como programa que tem compromisso com o interesse público e como modelo que possibilitará distribuição de renda com igualdade de oportunidades. Ela disse ainda que a ampliação do crédito para consumo demonstra que o crescimento no país é sustentado, e não é "o vôo da galinha". Dilma afirmou aos prefeitos que entregará a eles hoje cartilha com as principais obras do PAC.

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