terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Apoio do Terrorista

Leia abaixo, a crítica sempre correta de Reinaldo Azevedo sobre o apoio que o Sinistro da Justiça, Falso Gênero, está dando à greve dos policiais civis de São Paulo, com os quais se reúne hoje, 21/10/2008.



O ministro da Justiça, Tarso Genro, deve se reunir hoje com lideranças de entidades sindicais dos policiais civis que, na semana passada, promoveram nada menos do que uma manifestação armada em São Paulo. Um coronel da PM levou um tiro de bala de verdade, daquelas que matam. A intenção era invadir o Palácio dos Bandeirantes. A idéia da manifestação foi do “companheiro” Paulo Pereira da Silva, deputado federal (PDT-SP) ameaçado de cassação, com o apoio da Força Sindical, CUT e lideranças petistas. Lula disse que atribuir a esses valentes a baderna é uma “heresia”.

Pois bem. O herético Tarso vai se encontrar com os patriotas que decidiram, na prática, unir-se aos bandidos contra a população. É uma acinte. Merece ser processado por crime de responsabilidade. Não é por acaso que, sob o seu comando, temos a Polícia Federal mais politizada da história — e, por “politizada”, quero dizer “balcanizada”, separada em grupos. Os petistas, como sabemos, promoveram proselitismo na PF e na Abin, daí que ambas tenham saído do controle.

Encontrar as lideranças quando o governador de estado impôs como condição o fim da greve para negociar é um disparate político e legal — ou Tarso me prove que ele segue a lei quando acolhe gente que leva armas em manifestação de protesto e abusa da infra-estrutura da Polícia para promover baderna na rua e entrar em confronto com a polícia que estava lá defendendo a Constituição: a Militar. É claro que está agindo em nome de Lula, de olho em 2010. Assim, vejam que ironia: tenta-se caracterizar um situação de crise da segurança pública no estado que tem um dos melhores desempenhos do país nessa área. A cidade de São Paulo está em 22º lugar no ranking das capitais que mais matam no país. Estados administrados por aliados de Lula lideram a lista. Por lá, ele nem vai nem manda fazer bagunça. Sim, o que Genro está fazendo em São Paulo é promover a bagunça.

No dia da luta campal dos arruaceiros, Tarso preferiu, por vias oblíquas, censurar o governador José Serra. Não houve uma só palavra de crítica aos que protagonizaram a baderna. Os petistas estão dizendo o que vem por aí... Imaginem 2010!

Os policiais e os "salários justos"
E continuam a chegar os protestos de gente que se diz policial civil — deve haver muito petralha se fazendo passar por investigador — me indagando se acho justo que se ganhem este ou aquele salários. Alguém já me viu aqui a dizer que a remuneração é um espetáculo ou que é indigno reivindicar ganhos maiores? Não! Porque nunca escrevi isso. O que escrevi, reitero e sustento é que greve de polícia é inadmissível. E lembro aos tontos-maCUTs de sempre: quando policiais federais cruzaram os braços, no governo Lula, censurei também. Quando a PM de Minas parou, no primeiro governo Aécio, aplaudi o governador por ter chamado o Exército. Está em artigo publicado na imprensa mineira. Sou contra greve de servidor público, de qualquer um, imaginem, então, de gente armada — que, na prática, pede a solidariedade dos bandidos. Afinal, esta é a razão de ser de sua chantagem: “Dêem-nos o que estamos pedindo, ou o cidadão comum ficará à mercê dos bandidos”. Tentem provar que estou errado. Não julgo intenções, mas conseqüências.

Os policias têm de tentar ganhar mais e fazem muito bem em lutar por isso. Mas de que forma? Eis a questão. Não me venham chamar de razoável uma greve que, para arremate dos males, se faz de arma na mão. E também recomendo um pouco de prudência na argumentação. Sei que muitos se irritam com o que vai adiante, mas espero estar lidando com pessoas autônomas: se o sujeito acha que ganhar X ou Y por mês como policial é inaceitável e que não há boa perspectiva de melhora, qual é a boa resposta? Sair da Polícia. Se quer ganhar R$ 18 mil por mês, tem de escolher outro caminho. Como policial, não será. Eu sei, por exemplo, que jornalistas não podem ter helicópteros — a menos que a riqueza familiar lhes possa proporcionar tal mimo.

“Ah, a gente fala em ganhar um pouco mais, e esse idiota vem com helicópteros”. Estou evidenciando, por meio de um exemplo extremo, que há coisas que certas escolhas profissionais — E TODOS ESCOLHERAM — jamais darão. Isso vale pra mim, pro padeiro e pro policial civil. Salário não é questão de justiça em nenhum lugar do mundo, mas de possibilidades. É possível? A reivindicação dos policiais civis, de mais de 40% de reajuste, é impossível. Ponto. Equiparar o salário de delegados ao de promotores também é impossível. Ponto. E a razão é óbvia: não há bufunfa para tanto. Então acabou a conversa? Não. Pode ser o princípio para uma boa negociação — mas com os profissionais cumprindo a função que prometeram cumprir: e prometeram não ao governador, mas aos paulistas.

Até parece que escrevi aqui, alguma vez, que policial ganha demais. Não ganha. Certamente é menos do que merece — e ainda não vi trabalhador sobre a face da terra que não pense o mesmo do próprio salário. Posso achar juto que a VEJA decuplique o meu. Mas será que ela acha? E se eu impuser isso como condição? Bem, nunca tentei, mas imagino, hehe...

Se pudesse recomendar alguma coisa à Polícia Civil, diria que pauta e métodos precisam ser repensados. Por mim, todos os profissionais do mundo trabalhariam felizes, com salário, como é mesmo?, “justos”. Mas é preciso ser realista. Conversar com um ministro de estado depois daquela bandalheira pode parecer manifestação de realismo. Mas é só Tarso Genro. Sob certo ponto de vista, ele é puro surrealismo.

Nenhum comentário: