quinta-feira, 26 de março de 2009

E o Papa Estava Certo...

Na semana passada, em 17/03/2009, o sumo pontífice da igreja católica, Papa Bento XVI, viajou à África e declarou que - vejam que coisa! - a aids "não pode ser derrotada pela distribuição de preservativos" e acrescentou que "eles só aumentam o problema".

O mundo revoltou-se contra o prelado e, claro, lembraram-se de todos os males que aquela igreja já causou ao mundo, principalmente durante a Idade Média, quando queimavam bruxas e até apoiavam a escravidão.

A África é a região do planeta mais afetada pela aids. De acordo com estimativas elaboradas em 2008 pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 30 milhões a 36 milhões de pessoas estão contaminadas pelo vírus HIV, sendo que pelo menos 22 milhões estão na África.

Os governos "progressistas" atuais fazem farta distribuição de preservativos à população. E o que tem acontecido? O número de casos de contaminação tem crescido ainda mais!

O Vaticano encoraja a abstinência sexual como forma de combater a disseminação da doença, o que tais "progressistas" - e a população em geral tem seguido tais ideias - vêem como uma abominação. Até cientistas têm-se posicionado contra tais declarações.

Mas vejamos um caso específico, que ocorre na própria África, em que o número de contaminações pelo HIV tem diminuído expressivamente: Uganda. Este é um caso que, claramente, você não verá na imprensa brasileira porque, coalhada de esquerdistas "progressistas" como ela está atualmente, pouco importa o que diz uma autoridade religiosa - ou mesmo científica - se, mesmo sendo uma verdade profunda, não coincide com a metafísica politicamente correta que os "progressistas" adotam. Assim, como estes sempre fazem, pior para a verdade.

Uganda é um país que se tornou um exemplo raro de sucesso na luta contra a Aids na África, ao reduzir significativamente a incidência que já foi das mais altas do continente. "Se outros países tivessem seguido o exemplo de Uganda, milhões de vidas teriam sido poupadas.", afirma Rand Stoneburner, ex-epidemiologista da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Enquanto alguns outros países baseiam suas políticas de combate à Aids unicamente em custosas campanhas de distribuição de preservativos, com eficácia duvidosa, Uganda apresenta uma fórmula de sucesso que tem despertado a atenção de especialistas de todo o mundo.

A revista Seleções Reader's Digest, por exemplo, em sua edição de Janeiro de 2004, publicou a reportagem "Contra a Aids" mostrando que enquanto a epidemia devasta o sul da África, matando milhões, Uganda está mudando esse panorama. E que é possível, sim, mudar a mentalidade de toda uma nação. Seguem partes dessa reportagem, com alguns trechos sublinados:

Julius Lukwago e Fiona Kyomugisha têm 24 anos e formam um jovem casal moderno - com uma diferença: são e pretendem continuar virgens até o casamento. É assim que o amor funciona na Uganda de hoje: prudentemente. Motivo? A Aids.

O vírus HIV está devastando os países vizinhos, no sul da África, onde se estima que 2,4 milhões de pessoas tenham morrido no ano passado e quase 30 milhões estejam infectados. O vírus compromete a produção de alimentos, superlota hospitais, reduz a expectativa de vida e gera milhões de órfãos.

Em Uganda, no entanto, o índice de mortes e de infecção vem decrescendo. Agindo com cautela, mantendo-se fiéis e recusando-se a lidar com a Aids como uma vergonha pessoal, os ugandenses estão se tratando com uma poderosa e eficiente "vacina social", segundo Rand Stoneburner, ex-epidemiologista da Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Ela provavelmente é mais potente do que as vacinas biomédicas que os cientistas esperam desenvolver no futuro", acredita Stoneburner. "Se outros países tivessem seguido o exemplo de Uganda, milhões de vidas teriam sido poupadas."

É interessante notar como foi possível mudar o comportamento de grande parte da sociedade ugandense. Com os atuais níveis assustadores de pornografia na sociedade, em geral as pessoas tendem a achar que trata-se de um quadro irreversível.

A reviravolta é conseqüência de mudanças de comportamento. "O trunfo da abordagem ugandense foi não ter se concentrado apenas nos remédios ocidentais e no uso de preservativos", diz Edward Green, pesquisador sênior de Harvard e membro do conselho presidencial para a Aids. "Custa muito pouco. E mostra que, com medidas firmes e inteligentes, a Aids pode ser evitada."

Quando o presidente Yoweri Museveni subiu ao poder à frente de um exército rebelde, em 1986, herdou um país entorpecido por 15 anos de ditaduras, terror e guerrilha, onde mais de meio milhão de pessoas havia morrido. Os serviços de estradas, energia, água e saúde estavam arruinados.

Enquanto isso, todo mês, milhares morriam de doenças relacionadas à Aids, como tuberculose e pneumonia. Ainda criança, Fiona Kyomugisha foi ao enterro de cinco parentes vítimas da doença. Embora soubessem que algo estava terrivelmente errado, as pessoas tinham medo de falar.

"Os médicos me disseram que a doença não tinha cura, mas fiquei aliviado", lembra Museveni. "A Aids não é tão contagiosa quanto a Sars ou o Ebola. Não se pega no ônibus ou num aperto de mão. A Aids é uma doença de estilo de vida, disseminada principalmente pelo sexo desprotegido. Se as pessoas soubessem disso, poderiam evitá-la. Então batemos os tambores e demos o alarme."

O rufar dos tambores - o tradicional sinal de alarme das aldeias - anunciava boletins informativos do rádio e da televisão sobre a Aids várias vezes ao dia, sempre martelando a mensagem: A Aids é transmitida por relações sexuais... Você precisa se proteger... Não vale a pena morrer por sexo.
O programa de prevenção se resumia a um trinômio: Abstinência, Fidelidade ou Camisinha.

Museveni tirou o problema das mãos dos profissionais de saúde e montou uma unidade especial no seu gabinete. Agora batizada de Comissão de Aids de Uganda, a unidade foi a primeira do tipo em todo o mundo. Seus veículos tinham o lema "Voltinhas Zero" pintado na lateral. Criado pelo presidente, significa "fique com seu parceiro".

Todos os segmentos da sociedade se envolveram, de equipes esportivas a grupos musicais e curandeiros tradicionais. Ensinavam-se fatos sobre Aids em quase todas as salas de aula. As igrejas lançaram campanhas para convencer os jovens a adiar a experiência sexual.
"Eu sabia de tudo aos 11 ou 12 anos", recorda Julius Lukwago. "Aprendi a usar camisinha em seminários de conscientização sobre a Aids na própria aldeia, mas não parecia certo fazer sexo porque nosso medo da doença era muito grande."

O resultado dessa franqueza foi extraordinário. "As pessoas acordaram e pararam de se arriscar", diz Lawrence Marum, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, que trabalhou em Uganda durante a década de 90. "Isso provocou mudanças radicais num lugar fundamental: o quarto."

Estudos realizados por diversos especialistas em saúde pública mostraram mudanças dramáticas. Numa escola, o número de meninos com idade entre 13 e 16 anos que faziam sexo despencou de 61% em 1994 para 5% em 2001, enquanto o número de meninas sexualmente ativas caiu de 24% para 2%. "A abstinência é difícil", admite Fiona Kyomugisha. "Tive várias oportunidades de ter relações sexuais, mas não cedi. Os riscos eram grandes demais."

Fidelidade virou norma - A "vacina social" usada por Uganda, além de não ter contra-indicações, produz um efeito benéfico em toda a sociedade, como, por exemplo, a maior estabilidade do matrimônio, ao passo que as campanhas de difusão do chamado "sexo seguro" produzem o efeito contrário: erotização da sociedade, aumento das doenças sexualmente transmissíveis, dos casos de gravidez indesejada e dos casos de separação entre os casais por infidelidade. Por essa razão, o exemplo de Uganda desperta sobressaltos naqueles que lucram com o mercado da pornografia.

Em 1995, pouco mais da metade dos adultos era fiel a seus parceiros, segundo a Pesquisa Demográfica e de Saúde de Uganda. Em 2000/2001, eram fiéis 97% dos homens casados e 88% das mulheres casadas, um pouco menos entre os solteiros. "Dos estudantes que conheço, cerca de três quartos se abstêm ou são fiéis aos parceiros", garante Julius.

O número de homens que admitiam ter relações sexuais casuais entre 1989 e 1995 caiu em mais de 50%, segundo o Programa Global de Aids em Genebra. Mesmo grupos sexualmente ativos como jovens soldados ficaram mais cautelosos.

No começo, como não eram muito acessíveis, os preservativos não tiveram papel fundamental no programa de prevenção ugandense, exceto entre grupos de alto risco, como as prostitutas. "Ouvimos que há apenas uma borracha fina entre nós e a morte de nosso continente", disse Museveni numa conferência da OMS em 1991. "No entanto, em países como o nosso, a mãe às vezes precisa andar 30 quilômetros para conseguir uma aspirina e dez para encontrar água. Então os problemas práticos de obter e usar camisinhas talvez jamais se resolvam. Os preservativos desempenham um papel importante, mas por si só não bastam." Com efeito, os países africanos que ofereciam maior acesso aos preservativos, como Botsuana e Zimbábue, têm hoje os índices mais altos de Aids.

Com o número cada vez maior de pessoas querendo saber se estavam infectadas, um grupo de profissionais de saúde e assistentes sociais criou um serviço de exames na sala de um hospital, em 1990. O Centro de Informações sobre Aids, como foi batizado, logo se tornou uma rede com mais de 80 unidades.

Nos arredores de Entebe, acompanhei William e Patience [nomes fictícios] quando foram fazer o exame, pelo qual pagaram dois dólares cada um. Durante a meia hora de espera pelo resultado, eles contaram sua história a uma conselheira.

Eles haviam se conhecido e se apaixonado na igreja, mas se abstiveram de ter relações sexuais porque ambos tinham segredos. William, 23 anos, jardineiro, mantivera relações com algumas mulheres anos antes. Patience,19 anos, empregada doméstica, fora estuprada pelo patrão. Eles mal conseguiam olhar quando o envelope pardo chegou do laboratório. A conselheira leu os documentos. "Os exames dos dois deram negativo", disse ela. O casal riu de alívio. "Agora podemos ser fiéis com segurança!", alegrou-se Patience.

As pessoas infectadas são encaminhadas à Organização de Apoio à Aids, também criada por voluntários, que luta contra o estigma da doença e ajuda os pacientes a viver de forma positiva. Anne Kaddumukasa - funcionária da Organização cujo marido morreu de Aids - afirma: "Quando as pessoas infectadas com o HIV cuidam de outras vítimas da doença, elas vivem mais, permanecem no trabalho, cuidam da família durante mais tempo e ainda ajudam os outros dizendo: <>"

Turmas escolares recebem tablóides mensais gratuitos com títulos como "Papo direto" e "Papo jovem", que discutem a saúde sexual. Eles se vinculam a programas de rádio transmitidos em cinco línguas. A abordagem é franca.

Reconhecimento internacional:
"Nós enfatizamos as opções do trinômio, mas nunca nos esquivamos às perguntas", garante Betty. "O mais importante é estar aberto e deixar os jovens falar. Tentamos convencê-los de que ter desejo sexual não significa que precisam se apressar em ter relações sexuais."

Embora aclamada pelas Nações Unidas como o maior sucesso da África, Uganda ainda tem muitos problemas. Um milhão de pessoas morreram, deixando um milhão de órfãos. O índice de Aids foi reduzido em dois terços, para 5%, mas ainda contrasta com o de 0,3% da Europa Ocidental. Mais de 250 ugandenses são infectados todos os dias.

Entretanto, a situação é muito pior em outros países do sul da África. Segundo números do Programa de Aids da ONU, 20,1% das pessoas com idade entre 15 anos e 49 anos na África do Sul, 33,7% no Zimbábue e 38,8% em Botsuana estão infectadas.

O presidente Museveni não entende por que o exemplo de Uganda foi ignorado por tanto tempo pelos outros países. "Como a Aids é um problema sexual, as pessoas têm vergonha de enfrentá-lo", diz ele. "Mas o que é pior: ficar constrangido ou morrer?"

Um exemplo que passa a ser seguido por outros países:
Outros países, como Quênia e Zâmbia, passaram a seguir o modelo ugandense e a mesma medicina moral está começando a dar resultados entre as gerações mais novas.

No começo, Uganda ganhou poucos admiradores entre as agências humanitárias ocidentais que promoviam a expedição de preservativos para combater a Aids. Isso, porém, está mudando agora, quando se vê que os programas que preconizam mudanças de comportamento, como fidelidade e abstinência, podem de fato funcionar.

Como diz Peter Piot, diretor-executivo do Programa de Aids da ONU: "Conquistas como a de Uganda mantêm viva a esperança de que o mundo não está impotente diante da epidemia."

Durante a 15ª Conferência Internacional de Aids, realizada em julho/2004 em Bangcoc na Tailândia, o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, reafirmou que a abstinência sexual, não o uso de preservativos, era a melhor maneira de impedir a disseminação do vírus da Aids. E ele tem um exemplo concreto para provar isso.

Edward Green, diretor do Projeto de Investigação e Prevenção da AIDS (APRP, na sigla em inglês), do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento de Harvard, é uma das maiores autoridades mundiais no estudo das formas de combate à expansão da AIDS.

Green concedeu uma entrevista sobre o tema. E o que ele disse? O PAPA ESTÁ CERTO. AS EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS CONFIRMAM O QUE DIZ SUA SANTIDADE. Ora, como pode o papa estar certo?

Em entrevista aos sites National Review Online (NRO) e Ilsussidiario.net, Green afirma que as evidências que existem apontam que a distribuição em massa de camisinha não é eficiente para reduzir a contaminação na África. Na verdade, ao NRO, ele afirmou que não havia uma relação consistente entre tal política e a diminuição da contaminação. Ao Ilsussidiario, assumiu claramente a posição do papa:

"O que nós vemos de fato é uma associação entre o crescimento do uso da camisinha e um aumento da AIDS. Não sabemos todas as razões. Em parte, isso pode acontecer por causa do que chamamos 'risco compensação' — literalmente, nas palavras dele ao NRO: "Quando alguém usa uma tecnologia de redução de risco, freqüentemente perde o benefício (dessa redução) correndo mais riscos do que aquele que não a usa".

Green também afirma que o chamado programa ABC — abstinência, fidelidade e, sim, camisinha (se necessário), que está em curso em Uganda — tem-se mostrado eficiente para diminuir a contaminação. E diz que o grande fator para a queda é a redução de parceiros sexuais. Que coisa, não?

NÃO É MESMO INCRÍVEL QUE SEXO MAIS RESPONSÁVEL CONTRIBUA PRA DIMINUIR OS CASOS DE CONTAMINAÇÃO? Pois é...

Bento 16 apanhou que deu gosto. Apanhou pelo que não disse — e ele jamais disse que a camisinha facilita a contaminação de um indivíduo em particular — e pelo que disse: a AIDS é, sim, uma doença associada ao comportamento de risco e, pois, às escolhas individuais. Sem que se mude esse comportamento, nada feito.

O sexo deliberado, descompromissado e impessoal leva ao caos. O combate à proliferação da aids passa pela fidelidade conjugal, a castidade e a abstinência sexual. Nossos pais e avós não tinham dúvida a esse respeito. A distribuição de camisinhas pode ser comparada à distribuição de pedaços de pau em meio a um conflito: dá a sensação de que estamos protegendo os demais e nós mesmos, mas, ao contrário, estimula a proliferação da violência e do caos.

(contém trechos de post de Reinaldo Azevedo)

3 comentários:

LilianeSRS disse...

Eu sou claustrofóbica e me senti aprisionada pelo formato do blog.

Socorrooooooooooooo!!!!!

:P

JurisCode disse...

parabéns!!

vou fazer uma síntese desse texto e colocar no meu blog depois que finalizarmos a enquete sobre o assunto.

Anônimo disse...

Dá uma tristeza saber que vivo em um mundo cheio de seres, que se dizem pensantes, como você.