quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ainda em 2010...

O governador José Serra afirma que sindicatos do funcionalismo paulista, ligados ao PT, estão doidinhos para fazer com que pipoquem greves no Estado. Será mesmo? Não posso crer! Como é que eu vou acreditar que os petistas possam mobilizar suas bases sindicais para prejudicar o seu provável adversário na eleição presidencial? Serra deve estar delirando! O PT nunca fez isso, gente! Jamais esse partido usou os sindicatos e a CUT para tentar desestabilizar adversários políticos. Nunca mesmo! Sempre foi tão decoroso! Ainda me lembro quando os petistas defendiam a redução dos benefícios previdenciários para o funcionalismo federal, mas eram contra a mesma redução para o estadual, em São Paulo. Lá, eles chamavam a defesa da tese de "responsabilidade". Aqui, eles a combatiam porque a classificavam de "neoliberal".

No caso da Polícia Civil, por exemplo, nós vimos bem: baderneiros disfarçados de policiais, com o revólver na cinta, iam para manifestações, a que compareciam também deputados do PT. E compareciam para quê? Ora, todo petista tem de estar onde o povo está, não é mesmo?, ainda que o tal povo tenha sido a principal vítima da baderna porque, por um tempo, teve prejudicados os serviços.

O PT é o que é. No último ano do governo FHC, o partido e a CUT botaram a tropa na rua cobrando 70% — sim, 70% — de reajuste para o funcionalismo federal. No primeiro ano do governo Lula, o reajuste foi de 0,1%. E não houve greve. Algumas pessoas perguntam: “Mas o que significa, Reinaldo, na prática, o aparelhamento do Estado?” Essa é uma de suas características: põe-se o que é público — a mão-de-obra do estado — a serviço do privado, que é o partido, que é o PT. Essa é apenas uma de suas manifestações.

A imprensa, no geral, não dá muita bola pra isso. Ao contrário até: daqui a pouco, os líderes sindicais começam a plantar notícias nos jornais — que vão regá-las, adubá-las, tratá-las com desvelo — sobre a suposta penúria dos servidores paulistas, a renitência do governo em dar aumentos, o autoritarismo etc. E líderes sindicais aparecerão para atacar o governo. Todos eles ligados, invariavelmente, ao PT ou a grupelhos ainda mais à esquerda. E o jornalismo terá plena consciência dessa vinculação pornográfica entre partido, projeto de poder e sindicato. Mas vai se calar a respeito. Ou os petistas acusarão o “serrismo” da imprensa paulista.

E jornalista, em São Paulo, não liga que o tratem como idiota. Ele só não quer que suspeitem de que ele tem simpatia pelos tucanos — ainda que, de fato, não tenha (já que a maioria é filopetista). Ser massa de manobra do petismo, bem, aí tudo bem. Afinal, vocês sabem, o PT é aquele partido ético... Essa, claro, é a banda ingênua. Há também a dolosa — que não é banda, mas bando

por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: