quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Mentira Como Método

Há pouco tempo atrás, Índio da Costa, candidato a vice-presidente pela chapa de José Serra, acusou o PT de ter ligações com as FARC. Tais acusações renderam ações judiciais contra ele e o PSDB e o TSE deu direito de resposta ao PT no site "Mobiliza PSDB".

Veja o dizem os representantes do PT (à moda Goebbels):

Portal do PT, 2 de agosto de 2010:
“Após as acusações do candidato a vice na chapa de Serra e dele próprio, que inclusive foram motivos de ações judiciais movidas pelo PT, sobre supostas ligações do partido com as Farc, veículos da grande mídia ainda insistem em abordar o assunto de forma tendenciosa. O PT tem ou teve algum tipo de ligação política com a guerrilha colombiana?

Valter Pomar: Não, nenhuma. O PT e os partidos de esquerda latino-americanos estão implementando estratégias que combinam luta eleitoral e luta social. A maioria destes partidos apóia, na Colômbia, o Pólo Democrático Alternativo, que já disputou duas eleições presidenciais. O PT tem um protocolo de cooperação com o Pólo Democrático Alternativo. O PT e o Pólo Democrático defendemos uma saída pacífica e justa para o conflito militar existente na Colômbia.”

Diário do Comércio, 18 de agosto de 2010:
“Walter Pomar, diretor do Foro de São Paulo e secretário de Relações Internacionais do PT, fez uma declaração categórica ontem. Negou a presença de integrantes das Farc no Foro.

Minha resposta é quase um mantra: não, nunca. As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) jamais participaram do Foro de São Paulo. Não pertencem ao Foro’.”

Radar Político, Estadão, 18 de agosto de 2010:
“O secretário executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, do Partido dos Trabalhadores (PT), negou hoje (18) qualquer vínculo desse grupo de partidos da esquerda e da centro-esquerda latino-americanas, criado em 1990, com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

As Farc não participam e nunca participaram do Foro de São Paulo”, disse Pomar, em entrevista a correspondentes brasileiros em Buenos Aires, onde se realiza o 16.º encontro da organização.”

Estadão, 19 de agosto de 2010:
“O deputado José Eduardo Martins Cardozo, coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff, negou ontem a existência de vínculos de qualquer espécie entre o PT e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

"O PT nunca teve e não tem relações com as Farc", disse ao Estado durante uma cerimônia do 16.º Foro de São Paulo em Buenos Aires, evento que reúne representantes da esquerda, centro-esquerda e partidos progressistas da América Latina e do Caribe.”


VIRAM BEM O QUE VAI EM VERMELHO? Pois bem, aqui vai a Verdade:

No IX Encontro, quem temos como participantes? Aí vai uma parte deles...

PARTICIPANTES DEL IX ENCUENTRO (2000)
País Partido/Instit.
Argentina / Frente Democracia Avanzada
Argentina / Partido Comunista Argentino
Argentina / Partido Intransigente
Brasil / Partido dos Trabalhadores
Brasil / Partido Socialista Brasileiro
Brasil / Partido Comunista do Brasil
Brasil / Movimento Revolucionário 8 de Outubro
Brasil / Partido Popular Socialista
Colômbia / Alianza Democrática M19
Colômbia / ELN
Colômbia / FARC-EP
Colômbia / Partido Comunista Colombiano
Colômbia / Presentes por el Socialismo
Cuba / Partido Comunista
Chile / MIR


No X Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido em 2001, os membros delinearam uma "Resolução de Condenação ao Plano Colômbia", que, entre outras coisas, dizia:

5. Apoiar e encoraja os processos de diálogos desenvolvidos pelas FARC – Exército do Povo e o ELN, em busca de soluções diferentes à guerra para a grave crise colombiana e o conflito social, político e armado, ficando à disposição, na medida de nossas possibilidades e as necessidades dos processos.
(...)
8. Manifestar publicamente, como forças e movimentos políticos anti-imperialistas, nossa defesa aos direitos de rebelião e autodeterminação dos povos do mundo e rechaçar o qualificativo de terroristas para toda forma de resistência.

9. Ratificar a legitimidade, justeza e necessidade da luta das organizações
colombianas e solidarizar-nos com elas.


Entrevista do hoje falecido nº 2 das FARC, Raul Reyes, ao repórter Fábio Maisonnave da Folha de São Paulo, em 28/04/2003:

Folha de S.Paulo - Como tem sido o contato entre as Farc e o governo do Brasil?
Reyes - Agora, nenhum. Estamos muito interessados em um contato direto, porque as Farc têm como política estabelecer relações políticas com governos, para explicar a eles que temos uma política que consiste em não realizar operações militares fora do território colombiano.

Folha de S.Paulo - Qual é a sua avaliação do governo Lula?
Reyes - Tenho muita esperança em que o governo Lula se transforme num governo que tire o povo brasileiro da crise. Lula é um homem que vem do povo, nos alegramos muito quando ele ganhou. As Farc enviaram uma carta de felicitações. Até agora não recebemos resposta.

Folha de S.Paulo - Vocês têm buscado contato com o governo Lula?
Reyes - Estamos tentando estabelecer --ou restabelecer-- as mesmas relações que tínhamos antes, quando ele era apenas o candidato do PT à Presidência.

Folha de S.Paulo - O sr. conheceu Lula?
Reyes - Sim, não me recordo exatamente em que ano, foi em San Salvador, em um dos Foros de São Paulo*.

Folha de S.Paulo - Houve uma conversa?
Reyes - Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente. Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.

Folha de S.Paulo - Qual foi a última vez que o sr. falou com ele?
Reyes - Não me lembro exatamente. Faz uns três anos.

Folha de S.Paulo - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?
Reyes - As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.

Folha de S.Paulo - O sr. pode nomear as mais importantes?
Reyes - Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...

Folha de S.Paulo - Quais intelectuais?
Reyes - [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros.

* Nota:
Até hoje só ocorreram dois encontros do Foro de São Paulo em San Salvador: o VI Encontro, em 1996, e o XIII Encontro, em 2007. Portanto, o PT tem ligações com as FARC, no mínimo, desde 1996.

Carta dos representantes da FARC aos membros do XIII Encontro do Foro de São Paulo, que ocorreu em San Salvador no ano de 2007:

Mesa Diretora, Companheiros Delegados e Companheiras Delegadas ao XIII Foro. San Salvador, El Salvador. Recebam nossa carinhosa e bolivariana saudação, muitos êxitos em suas deliberações.

Ao não podermos nos fazer presentes em tão importante evento, lhes entregamos este documento com nossos pontos de vista e agradecemos de antemão o fato de tê-lo em conta nas deliberações.
(...)
É nesse preciso momento que o PT lança a formidável proposta de criar o Foro de São Paulo, trincheira onde nós pudéssemos encontrar os revolucionários de diferentes tendências, de diferentes manifestações de luta e de partidos no governo, concretamente o caso cubano. Essa iniciativa, que encontrou rápida acolhida, foi uma tábua de salvação e uma esperança de que tudo não estava perdido. Quanta razão havia, transcorreram 16 anos e o panorama político é hoje totalmente diferente.
(...)
Cremos ser oportuno manifestar nossa inquietação e desagrado pela posição de alguns companheiros que, em forma e sob responsabilidade pessoal, publicamente dizem que as FARC não podem participar no Foro, por ser uma organização alçada em armas. A luta armada não se criou por decreto e tampouco se acaba por decisão similar, é a expressão de um povo que sofreu a devastação de sua população em mais de um milhão de pessoas que, nestes 60 anos, foram assassinadas, é a expressão dos milhares de militantes que foram assassinados do Partido Comunista e da União Patriótica, é a expressão de milhares de sindicalistas que foram assassinados nestes últimos anos.

Aos companheiros que pensam que não podemos participar, fraternalmente os convidamos a que nos acompanhem, não no acionar militar ao que as circunstâncias nos obrigaram, pois sabemos que não a compartem e respeitamos seus pontos de vista, os convidamos a participar da busca da solução política e, para isso, os fazemos partícipes da Plataforma para um Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional, aprovada por nossa 8ª Conferência realizada em 1993.
(...)

COMISSÃO INTERNACIONAL
FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA
EXÉRCITO DO POVO, FARC-EP
MONTANHAS DE COLÔMBIA, 7 DE JANEIRO DE 2007


O próprio Valter Pomar, em entrevista à Veja, durante o XIV Encontro do Foro de São Paulo, em 2008, deixa claro que as FARC participavam do FSP:

VEJA: Quando as Farc deixaram de participar do Foro?
Pomar: As guerrilhas colombianas - não apenas as Farc, veja bem, porque há outros grupos - há muitos anos deixaram de vir, até porque a situação da guerra não lhes permite. Na década de 90 havia uma situação de negociação das Farc com o governo e naquele período a presença delas em eventos na região era pública e notória."

Porém, María Belela Herrera, uma ativa participante do foro que ocupava o cargo de vice-chanceler no governo do presidente uruguaio Tabaré Vazquez, as Farc não comparecem ao encontro esquerdista desde sua última edição brasileira, em 2005. Antes disso, os terroristas não só participavam dos encontros do Foro de São Paulo, como faziam intervenções freqüentes nos debates!

Também em 2008, o jornal El Universal do México, publica uma entrevista com Alberto Anaya Gutiérrez, dirigente do Partido del Trabajo, em que este admite o vínculo com as FARC, por suas participações no Foro de São Paulo e garante que, como anfitrião do XIV Encontro, convidou os dirigentes da guerrilha para participar:

El Partido del Trabajo (PT) aceptó que las fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) y el Ejército de Liberación Nacional (ELN) están invitados al seminario petista que se realizará a partir del jueves y hasta el sábado en la ciudad de México, pero que no asistirán porque el gobierno no les da visa.

Según el senador Alberto Anaya Gutiérrez, dirigente petista, desde 2002 el gobierno mexicano dejó de garantizar el derecho de asilo y deportó a las representaciones de esos grupos que había en el país.

EL UNIVERSAL publicó ayer en su edición impresa, que el PT invitó a las FARC a un foro que comienza el próximo jueves.

El coordinador del PT en la Cámara de Diputados, Ricardo Cantú, reconoció que su partido tiene un vínculo con las FARC, como con cualquier otro partido en el continente u organización de izquierda.
(...)
En entrevista con EL UNIVERSAL, el presidente del Partido del Trabajo, Alberto Anaya, explicó el origen de estos seminarios que son convocados por el llamado Foro de Sao Paulo, creado en 1990, cuando todavía no existía el PT.

Se trata de un foro en el que participan más de 90 organizaciones políticas de diversas partes del mundo, incluidos grupos armados.

Por supuesto, destacó, las FARC ya no acuden a ningún seminario, a ninguna parte del planeta, porque correrían el riesgo de ser detenidos.

Ainda em 2008, a revista Época faz reportagem que remete à ligação entre o PT e as FARC, nos Encontros do Foro de São Paulo. Nesta ocasião, o nº 2 da guerrilha, Raul Reyes, havia sido morto pelo exército colombiano, que resgatou diversos computadores, com mensagens que comprometiam os esquerdistas:

Até meados dos anos 90, as Farc participaram oficialmente do Foro de São Paulo, um conclave de partidos e organizações de esquerda da América Latina do qual o PT faz parte. Mas as relações com as Farc, segundo o PT, foram rompidas depois que elas abandonaram, a partir de 2002, as negociações para um acordo de paz na Colômbia e enveredaram de vez no caminho dos seqüestros e do narcotráfico. O governo Lula diz jamais ter tido qualquer tipo de contato com a organização, classificada como terrorista pelos governos da Colômbia, dos Estados Unidos e da União Européia.


ÉPOCA teve acesso agora, com exclusividade, a um lote de três cartas que mostram como as Farc tentaram oficialmente estabelecer relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de sua eleição, em 2002, e em seu primeiro ano de mandato no Palácio do Planalto, em 2003. As correspondências foram enviadas por Raúl Reyes, o líder das Farc morto em março deste ano, durante um ataque das Forças Armadas da Colômbia a um acampamento da guerrilha no norte do Equador. Elas tinham como destinatário o presidente Lula. O portador das cartas no trajeto da Colômbia até o Brasil foi Édson Antônio Albertão, um vereador de Guarulhos que estava na ocasião no PT e hoje está no PSOL. Albertão, além de freqüentar os acampamentos das Farc, era amigo pessoal de Reyes e recebeu dele a incumbência de trazer as cartas para Lula em julho de 2003 – data da última delas.

Mas em 2007... Raul Reyes havia enviado outra carta ao governo (entre outros "órgãos sociais"), comemorando o refúgio do Cura Medina, o embaixador das FARC no Brasil:


Quando da morte de Reyes, a revista Cambio publicou extensa reportagem sobre o conteúdo dos computadores do terrorista esquerdista e sobre a ligação das FARC com destacados dirigentes, políticos e altos membros do Partido dos Trabalhadores, ao qual o presidente Lula pertence. Além disso, o grupo guerrilheiro manteve contatos com procuradores e juízes do Brasil. Eis a lista dos citados:

- José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
- Roberto Amaral, ex-ministro da Ciência
- Erika Kokay, deputada
- Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete
- Celso Amorim, chanceler
- Marco Aurélio García, assessor para assuntos internacionais
- Perly Cipriano, subsecretário de Promoção de Direitos Humanos
- Paulo Vanucci, ministro da Secretaria de Direitos Humanos
- Selvino Heck, assessor presidencial

Estas provas da ligação entre ambas as entidades malignas já estão boas? Ou será que é preciso mais?

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