quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Foro de São Paulo Cria Agência para Censurar Imprensa

Má notícia, embora de forma alguma inesperada: o Brasil, por meio da empresa estatal de comunicação EBC, ligada à Presidência da República, será um dos nove países da região a participar da União Latino-Americana de Agências Noticiosas (Ulan), cuja criação foi decidida na semana passada, numa reunião paralela ao 3.º Congresso Mundial de Agências de Notícias, que se realizava em Bariloche.

A notícia é má, em primeiro lugar, porque a iniciativa atende a uma pregação do dirigente venezuelano Hugo Chávez - para quem a liberdade de imprensa nesta parte do mundo é a liberdade de exaltar a sua assim chamada Revolução Bolivariana e o “socialismo do século 21″ que intenta propagar entre os vizinhos. Há tempos, já, o caudilho vem defendendo a formação de uma empresa jornalística regional para contrapor ao noticiário das grandes agências internacionais uma versão supostamente idônea dos fatos na América Latina.

A notícia é má também porque, juntamente com a EBC brasileira, assinaram a carta de intenções para a criação da Ulan, prevista para março do próximo ano, as agências oficiais de países onde ou não há o menor vestígio de imprensa livre - caso de Cuba - ou onde ela está sob fogo cerrado dos governos. É o que acontece na Argentina, Bolívia e Equador.

Pela importância do país, chamam a atenção em especial as operações desatadas pela presidente argentina, Cristina Kirchner, para asfixiar as empresas de comunicação, cujos veículos criticam o governo, e beneficiar aquelas que a ele se submetem, enquanto vai montando uma rede de canais ditos públicos para servir de correia de transmissão dos interesses da Casa Rosada.

É verdade que entre os signatários figuram ainda empresas do gênero do México, Paraguai e Guatemala, onde as principais ameaças ao exercício do jornalismo não vêm propriamente dos governantes de turno. Mas os outros tendem a funcionar como um ativo bloco ideológico. Além disso é de notar a ausência, nesse consórcio, de representantes do Peru e Colômbia, onde o chavismo não conseguiu medrar.

A adesão brasileira era apenas previsível por causa da guerra particular que o presidente Lula trava com a imprensa que se recusa a se dobrar aos seus 80 e tantos por cento de aprovação, insistindo em destampar os podres de sua administração - para que não se diluam nos vapores inebriantes da prosperidade econômica. E porque o petismo é uma usina de produção continuada de tentativas de amordaçamento do livre fluxo de informações e opiniões na mídia brasileira, a começar da televisão.

Dado que essas tentativas não prosperam no plano nacional, estão aí as manobras para corroer pelas bordas a atividade jornalística, com a pretendida criação de conselhos controladores da programação das emissoras no Ceará, Bahia, Piauí e Alagoas. Por fim, embora Lula procure apresentar ao mundo uma imagem contrastante com a de Chávez, o seu governo não perde oportunidade de demonstrar as suas afinidades com o caudilho venezuelano. O caso da Ulan é apenas mais um.

Os defensores da futura empresa se esforçam para afastar outra suspeita - a de que ela se destina a ampliar o papel dos governos da área como provedores de informação, ou melhor, propaganda disfarçada, para consumo das respectivas populações. É o que receia, por exemplo, o diretor executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Julio Muñoz. “Uma agência estatal de notícias é a voz oficial de um governo”, argumenta. “Portanto, a informação que difunde deve, necessariamente, ser a de defesa e proteção do seu patrão.”

“Nossa proposta”, reage a diretora-presidente da EBC, Tereza Cruvinel, “é somente oferecer apoio mútuo entre as agências, fortalecendo-as reciprocamente.” Parece ser mais do que isso. A carta de intenções para a formação da Ulan fala em “tornar visível as conquistas dos povos do continente para aprofundar a democracia e alcançar sociedades de justiça social”. O papel aceita tudo. Chávez, para não falar dos irmãos Castro, também usa essas belas palavras para justificar as suas práticas ditatoriais. De mais a mais, por que a América Latina precisa de uma associação de agências estatais de notícias?

Editorial do Estadão



Comento:
O editorial do Estadão está correto em praticamente toda a análise. Há apenas uma incorreção: quando diz que Lula e seus asseclas aboletados em seu governo não perdem uma "oportunidade de demonstrar as suas afinidades com o caudilho venezuelano".

A verdade é que Lula é um dos mandatários no Foro de São Paulo, entidade supra-nacional socialista que ele e Fidel Castro (e, pasmem,  as FARC!) fundaram em 1990, com o intuito de tomar de assalto a América Latina para transformá-la numa nova União Soviética! Chávez é apenas um dos associados desta entidade - pode até ser o mais stalinista deles! -, tendo entrado na mesma em 1995.

Todos estes partidos de esquerda têm esta visão "progressista" da imprensa livre: ela deve ser domada, dominada e exterminada, ficando apenas a visão do Partido Único como verdade nos veículos noticiosos, como é o caso de Cuba.

E não é somente pelo fato de Lula tentar fazer com que a imprensa noticie apenas as boas coisas de seu governo, como ele mesmo já disse diversas vezes: o governo do pretendente a ditador, Lulovski Apedeutovich, patrocinou a CONFECOM, a CONFECUL e aprovou a versão original do PNDH III, depois modificado para ficar mais "light" neste assunto.

E tudo isto porque ELES NÃO SUPORTAM A NOSSA LIBERDADE! Não suportam a democracia; não suportam o livre mercado (que eles chamam, como o parvo Karl Marx, de capitalismo); eles não suportam a propriedade privada. Ou seja, eles não suportam tudo aquilo que representa a sociedade como conhecemos. E é esta sociedade que eles querem extinguir, para erigir, sobre seus escombros, a ditadura mais assassina que já assolou a humanidade: a ditadura do proletariado, cuja base é o socialismo e o comunismo.

Um comentário:

Marina Amarante disse...

Um presidente que está querendo censurar a imprensa não pensa na população, nao pensa no jovem brasileiro, nao pensa naqueles que já lutaram contra a ditadura! Pensar no futuro do jovem é o que Serra demonstrou estar fazendo: http://www.jogojusto.com.br/2010/10/leia-a-mensagem-do-candidato-a-presidente-jos-serra-ao-jogo-justo/